quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Um mundo politicamente correto para quem?



Os naturalistas defende que somos o que comemos, eu defendo que somos o que lemos, hoje andei lendo um pouco de Bakhtin sobre a manifestação do discurso e li também um artigo muito legal no site da “planeta sustentável” que fala sobre a cabana monte rosa, uma casa ecologicamente sustentável projetada e localizada nos Alpes suíços, e aí foi um paço e dois palitos para refletir sobre pensamento autônomo e sustentabilidade.
Acredito que estas reflexões vêm em um momento muito propício, afinal a conferência de Copenhague se aproxima e não podemos ficar alheios ao pensamento sustentável e ecológico.
Mas um pouco antes de pensar na ecologia acabei tendo de pensar um pouco na construção do discurso e assim não pude deixar de pensar no que é na realidade essa história do “politicamente correto”. Sempre que me deparo com um assunto difícil eu fico imaginando como eu explicaria isso para uma criança de 5 anos de idade .
Imagina você explicar para uma criança o que é político? Acho que eu diria mais ou menos assim: “Bem, político é um cara que só sabe o que você sonha em ganhar de natal de quatro em quarto anos”.
Será que político deveria ser mesmo isto?Bakhtin enquadra o discurso político na classificação de um discurso de autoridade, isto quer dizer que eu autorizo que o pensamento político tenha significância sobre o meu discurso. Que responsabilidade não é? Se o discurso político é um discurso de autoridade, o politicamente correto determina que há um discurso correto e outros incorretos?E ,sendo assim, como saber qual é um e qual é o outro?
Voltando a questão principal. O que é o politicamente correto no final das contas? Bem, se é politicamente correto gastar uma fortuna com uma casa ecológica na montanha eu não sei, mas o que se pode dizer sobre pessoas que não tem casa nenhuma e passam a vida embaixo das pontes?
O discurso ecológico é importantíssimo e obviamente tem o seu lugar , mas novamente pensando na criança de 5 anos eu imagino ela perguntando “Depois que a gente salvar o planeta, que tipo de pessoa vai sobrar para morar dentro dele?”, neste caso o que é politicamente correto para se responder?

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O mundo está mais burro?



Parece que o céu estava carecendo de pensadores, ou será que era o inferno? Não sei, a verdade é que nesta semana ficamos sem Francisco Ayala, um dos grandes humanistas e precursores do pensamento vanguardista da contemporaneidade espanhola e Claude Lévi-Strauss, antropólogo e etnólogo belga, fundador do estruturalismo e um dos grandes pensadores que se dedicou a pensar a grande aldeia de diversidade que é o Brasil.
Claude morreu um pouquinho antes de completar 101 anos e Ayala nos deixou na flor de seus 103 aninhos, todavia eles pensaram de maneira significativa o mundo que os circunscrevia e na minha humilde opinião fora embora ainda cedo demais. Claude e Ayala deixaram o corpo carnal na semana passada e eu já fico pensando quem tomará os seus lugares?
Perceber que está vago aqui na terra dois lugares de pensadores tão significativos deixa sempre meu coração em aflitos pensamentos, afinal, quem tomará o seus lugares? Quem se disporá a pensar o mundo que nos circunscreve?
As opções me causam temor. Sinto arrepios na alma só de imaginar que poderá ser alguma atriz, modelo e manequim ou será que uma famosa apresentadora, de cujo nome não quero lembrar, se candidatará a ser o arauto dos novos tempo?
Percebemos uma constante insistência da mídia em dar voz aos discursos que, a meu ver, não são suficientemente embasados para poder pensar os novos tempos. Ao perder grandes pensadores como temos perdido ultimamente, eu tenho medo que qualquer dia destes o mundo seja pensado pela filosofia enigmática dos jogadores de futebol, ou quem sabe pela genialidade cotidiana dos participantes de shows de realidade, será este o estigma que carregará os novos tempo? O doloroso estigma de ser pensado por pessoas que não dispõem da autoridade suficiente para pensá-lo, pois estão com a agenda lotada por sessões em clinicas de estética e horas de malhação sem sentido?
Admirável mundo novo que têm pessoas deste jeito.... Oh Aldous Huxley se você soubesse o tipo de gente que há neste admirável mundo novo certamente tentaria um acordo para voltar a terra para escrever sobre o nosso tempo, pense nisso, pois estamos mesmo carentes de pessoas como você.
O mundo tem mesmo ficado mais burro? Ou sou eu que envelheço e perco minha fé nas grandes transformações do pensamento da contemporaneidade? Não sei, mas que o Ayala e o Strauss farão muita falta, isso farão... quem ocupará o seus lugares? Aguardem cenas dos próximos capítulos!